Eleições municipais e reflexos nacionais

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Eleições municipais e reflexos nacionais

O primeiro turno das eleições municipais de 2016 aconteceu sob a égide de um conjunto imenso de novidades e especificidades. A campanha foi mais curta, as alternativas de comunicação visual foram muito menores e as empresas não puderam fazer doações para os candidatos, o que tornou tudo mais barato e modesto.

O eleitorado estava especialmente sensível. O contexto foi de um descrédito profundo na classe política, de crise econômica (renda em queda, aumento da desigualdade e do desemprego) e, mais do que isso, de falta de perspectivas para o futuro imediato. Como se não bastasse, uma presidente da República perdeu seu mandato recentemente e a Operação Lava Jato continua a fazer suas investidas com a repercussão de sempre.

Quer dizer, a eleição aconteceu nos municípios que integram um país que, decididamente, não está dando certo. Some-se a isso o desgaste monumental  do PT – que, durante muito tempo, se colocou como responsável exclusivo e absoluto dos bons momentos pelo qual o Brasil passou – e temos um quadro muito favorável aos partidos de centro-direita que transmitem para a sociedade, de alguma maneira, a possibilidade de políticas alternativas às efetivadas pelo petismo decadente que levou a esse estado de coisas.

Não deu outra: PSDB, PMDB e PSD despontaram como os partidos que tiveram o melhor desempenho, quando o critério de avaliação é o número de prefeitos eleitos. Quando se trata de número de votos, o PSD cede posição para o PSB, ficando em quarto lugar. A diferença é que, de 2012 para 2016 o PSD aumentou sua votação (de 5,9 para 7,8 milhões de votos), enquanto o PSB perdeu eleitores (de 8,8 para 8,1 milhões).

São comuns, nesta época, comentários que associam a performance partidária nas eleições municipais como uma espécie de pontapé inicial da sucessão presidencial. No período que vivemos, essa análise deixa muito a desejar. As eleições de 2018 dependerão, em larga medida, da situação econômica e da percepção do aumento (ou não) da qualidade de vida.

O pontapé existe, mas vai em outra direção. Como os prefeitos são, em geral, excelentes eleitores de deputados, essa boa performance dos assim chamados partidos de centro direita muito provavelmente assentará as bases para a eleição, em 2018, de uma maioria parlamentar mais palatável às mudanças que o Brasil necessita realizar. É de se esperar que tenhamos um Congresso mais favorável à contenção do déficit fiscal, mais susceptível a estabelecer o mérito como mecanismo de valorização do funcionário público e mais amigo da livre iniciativa. Esse pode ser o maior avanço de todos.

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