Análises “moderninhas” e realidade

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Análises “moderninhas” e realidade

Toda análise é uma escolha. Se formos analisar o governo Temer apenas pelo número de escândalos que vêm a público e a quantidade de políticos do alto escalão do Executivo e do Legislativo neles envolvidos, o resultado será péssimo.

Existem também aqueles que ressaltam as greves da Polícia Militar no Espírito Santo ou desancam qualquer declaração infeliz desse ou daquele ministro. A febre amarela está voltando, estaria em curso uma ampla maquinação para acabar com a Lava Jato, a queda do avião do ministro foi fruto de sabotagem.

Podemos afirmar que esse tipo de análise trágico-histérica-rasteira é hegemônica nos meios de comunicação. Nada presta, todos são corruptos, o Brasil está se afundando no lodo. Trata-se de uma interpretação “moderninha”. Neste caso, a indignação é mais importante do que a sofisticação do argumento.

Mas existe outro caminho. Se tomarmos como métrica as necessidades do país, o governo Temer é excepcional. O que o Brasil precisa – e não é de hoje? Reformas. Qual é o risco de se fazer reformas? Impopularidade. O que o presidente Temer acha da impopularidade? Não liga, desde que se coloque o Brasil nos trilhos.

Com a economia em recessão, avaliação positiva nas pesquisas que beira os 15% e votando medidas que desagradam os próprios políticos (como a PEC do Teto), o presidente Temer arregimentou a maior base de apoio da história. Mais do que Lula nos áureos tempos. Mais que FHC surfando no sucesso do Real. Inacreditável!

Trocou o alinhamento automático aos países liderados por populistas decadentes de esquerda por uma visão moderna de política externa. Trocou Graça Foster por Pedro Parente na Petrobrás. Maria Sílvia Marques substituiu Luciano Coutinho no BNDES. A inflação despencou. Os juros estão caindo. Dos 26 setores industriais pesquisados pelo IBGE, 12 cresceram em dezembro de 2016, comparados ao mesmo mês de 2015. A confiança está voltando.

No dia 13 de fevereiro, o presidente da República fez um pronunciamento para estabelecer critérios no que se refere aos desdobramentos da Operação Lava Jato. Dessa forma, esclareceu a sociedade sobre as condutas que adotará em cada caso. Foi uma iniciativa sensata, embora, como sempre, tenha incomodados os mais afoitos.

O governo Temer, na verdade, fez muito nas circunstâncias em que assumiu. Não tem medo de cara feia. Agora, vai enfrentar as reformas da Previdência e a Trabalhista. Tropeçando de escândalo em escândalo, avança mais do que governos que foram festejados em suas épocas. Vivemos uma situação única: estamos avançando muito num contexto no qual a maioria acha que nos aproximamos rapidamente do caos.

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