O Sérgio Moro que discursou na cerimônia de filiação ao Podemos é bem diferente do Moro do auge da Lava Jato. Entre um momento e outro, alguns acontecimentos marcantes. As divulgações do site Intercept, mostrando o ex-juiz combinando com procuradores as estratégias do processo, a passagem pouco edificante pelo governo Bolsonaro e a decisão do Supremo que anulou as condenações de Lula.
Moro entra na disputa mais fraco do que nos seus melhores momentos, mas ainda a ponto de ter um nível de intenção de voto que o coloca na disputa pelo terceiro lugar. Resta saber o que o espera daqui para a frente.
A candidatura Moro deixa Lula, seu prisioneiro preferido, ainda mais forte. Além de não agregar os candidatos da chamada “terceira via” caso vá para o segundo turno, o ex-juiz pode dividir votos com Bolsonaro no segmento mais escolarizado e de mais renda, que tem preocupação mais acentuada com a corrupção. Mas o discurso contra a impunidade fica longe de empolgar os mais pobres, mais preocupados com o preço do feijão do que com as práticas ilícitas de políticos mal-intencionados.
O Estado de S. Paulo
11 Nov 2021
RUBENS FIGUEIREDO CIENTISTA POLÍTICO